sarah palin tem resposta para tudo

podem perguntar o que quiserem à vice-coisa republicana, que ela riposta com uma barragem de palavras encavalitadas umas nas outras, vagamente ligadas entre si e ainda mais vagamente ligadas ao assunto, de forma a afundar entrevistador e, neste caso, leitor, num mar de spam verbal. pelo menos é o que demonstra este site, que gera (aparentemente infinitas) respostas automáticas a quatro questões prementes na américa, baseadas em respostas reais da senhora. se não fosse tão cómico, era assustador. mas se calhar é ao contrário.

Q: How will you fix the economy?

The economy and putting it back on the verbiage that Senator McCain chose to use because the fundamentals, as he was having to explain afterwards, he means the ingenuity of the United States as being a force for good in the war. You can't blink. So, I believe that what you are seeking, also? That strategy that has been lack, I believe, here at the oversight that has been overwhelming to me who the good guys. Through reform, absolutely. Look at the oversight as people are trusting these companies with their investments, with their life savings, with their life savings, with their life savings, with their life savings, with their insurance policies, and construction bonds, and everything else.

da moda enquanto arte


o desfile francês do belga Martin Margiela personificou a acepção de moda como motor social ao serviço das duas forças subterrâneas que regem os nossos destinos, o Desejo e o Medo. a passagem de modelos é uma performance que funciona a nível simbólico e pretende mexer com o subconsciente, muito mais do que como simples mostruário. ela pode ser uma manifestação da essência do criador, das forças que subjazem ao seu espírito criativo. o seu efeito pode causar assombro ao espectador desprevenido.

e vocês, sobreviveriam à noite dos mortos-vivos?


é comum em filmes de terror as personagens cometerem erros crassos, que determinam o seu desaparecimento precoce do ecrã, e ainda é mais comum os espectadores comentarem sobre essas mesmas faltas de discernimento óbvias, seja berrando ainda na sala directamente para as potenciais vítimas, seja mais tarde, em tertúlias post-mortem da mais etérea erudição, com um esgar revelador de sabedoria e preparação inatas para situações passíveis de induzir a não-viabilidade num par de segundos. se a primeira situação decorre muitas vezes de fraqueza ou pragmatismo do argumento (no sentido de aproximar a personagem do escalão médio de q.i. do espectador médio, fornecendo-lhe ampla desculpa para simultaneamente barafustar e fruir de violência excessiva gratuita), já a segunda consiste muitas vezes em pura gabarolice e tolice. numa situação "real" de stress extremo, é mais fácil cometer erros do que agir racionalmente, na maior parte dos casos. as escolhas não são tão óbvias como gostaríamos que fossem.
não quero desculpar argumentos preguiçosos e prefiro sempre vítimas inteligentes, mas se vos calhasse a vós estarem enfiados numa casa com uma horda de zombies a aproximarem-se, o que fariam? gniarghahahahahahahahahahah, escolham bem, se não querem que o filme acabe convosco!

forum animado


o Cartoon Forum serve como ponto de encontro para co-produções europeias ligadas à animação e acabou de decorrer em Ludwigsburg. mais informações aqui e aqui. já o afirmei antes: para o bem ou para o mal, o futuro será animado. acordem!
submeto como prova o trailer do evento, realizado em oito semanas com o apoio dos estudantes do instituto de animação lá do sítio, em que as mais diversas personagens invadem a simpática cidade do luis.

os homens mais sérios da américa


STEWART: We were in this huge credit crisis, out of money. Then the Fed goes, We'll give you a trillion dollars, and all of a sudden Wall Street is like, ''I can't believe we got away with it!'' Can you imagine if someone said, ''I shouldn't have bought that sports car because it means I can't have my house,'' and the bank just said, ''All right, you can have your house. And you know what? Keep the car.'' [He throws up his arms joyfully and shouts] ''Yeaaaaah, I get to keep the car! Wait, do I have to give the money back?'' ''No, it doesn't matter.'' ''Yeah, I'm gonna get another car! I'm gonna do the same thing the same way, except twice as f---ed up!''
COLBERT: The idea that Lehman Brothers doesn't get any money and AIG does reminds me very much of ''Iran is a mortal enemy because they have not achieved a nuclear weapon. But North Korea is a country we can work with, because they have a nuclear weapon.'' The idea is, Get big or go home. How big can you f--- up? Can you f--- up so bad that you would ruin the world economy? If it's just 15,000 who are out of jobs, no. You have to actually be a global f---up to get any help.

o futuro é a luta pelo espaço

verdade e consequência

o princípio, em 47 '48'',



o fim, em 02'05''.

who can you trust?

num mundo cada vez mais complexo, a grande questão relativa à internet (ao mundo) é a da legitimidade, da confiança. aqui, a desinformação ocupa tanto espaço como a informação genuína (se não mesmo mais), pelo que se torna difícil confirmar factos e afirmações, sobretudo quando respeitam a realidades mais "especializadas", como sejam a ciência (incluindo naturalmente a tecnologia) ou a economia, por exemplo. é por isso que precisamos desesperadamente de (bons) jornalistas e editores. George Monbiot dixit:
The information available, the scale of human interactions, the detail involved in financial deals and trading relationships and political decisions appear to be growing exponentially. We are drowning in complexity. To be good citizens we must understand what is done in our name. But how?
We lean ever more heavily on experts. But who can we now trust? Corporate PR has become so sophisticated that it's almost impossible for most people to tell the difference between genuine science and greenwash, or real grassroots campaigns and the astroturf lobbies concocted by consultants. PR companies set up institutes with impressive names which publish what purport to be scientific papers, sometimes in the font and format of genuine journals. They accuse real scientists of every charge that could be levelled at themselves: junk science, hidden funding, undisclosed interests and inflated credentials.
If journalists have any remaining function, it is to help people navigate this world: to try to understand the crushingly dull documents that most people don't have time for, to smoke out the fakes and show how to recognise the genuine article. But we mess up too. The most we can promise is to try not to make the same mistake twice.

esta demanda por mais e melhor informação já se está a reflectir na crescente procura por revistas - fora da net - mais "sérias", que tentem explicar mais sustentadamente what's going on. resta saber se o logro não continua, ainda mais insidiosamente. mas é um bom princípio e uma grande oportunidade para o desenvolvimento do espírito crítico de todas as pessoas. cabe agora aos autores na net responderem ao desafio e rise to the occasion. antes que seja tarde demais.

ceci n'est pas un crâne


pois, é uma máquina fotográfica.
numa conferência a que assisti, Joel-Peter Witkin contou que, quando era muito pequeno, ia pela rua com a mãe quando se deu um acidente muito perto deles. a mãe largou-lhe a mão e ele, perdido no meio do passeio, viu uma bola a rolar na sua direcção. interessado, pegou nela e descobriu que afinal se tratava da cabeça de uma menina. Witkin disse que essa era a sua câmara fotográfica primordial, passando a ver o mundo através dos olhos da menina morta. Wayne Martin Belger parece ter levado essa perspectiva à letra no caso desta câmara, denominada third eye e feita a partir de um crâneo com 150 anos de uma menina de 13 anos. como para todas as suas câmaras, a técnica usada é a de pinhole, em que a luz passa através de um pequeníssimo orifício (o "buraco da agulha") para impressionar o filme na parte de trás da câmara, sem intervenção de lentes, em exposições que vão desde alguns segundos a várias horas ou mesmo dias.



as imagens são fiéis ao processo e Belger faz o seu melhor para criar uma confluência cósmica entre o assunto tratado e os ingredientes (ou relíquias) agregados para a manufactura específica de cada câmara diferente, incluindo uma diversidade de metais, pedras preciosas, ossos, sangue infectado com HIV, um pedaço do world trade center e o coração de um bebé. como ele diz, o ar que o seu tema respira é o mesmo que entra pelo pinhole e se mistura com a emulsão fotográfica. o meio confunde-se com o fim. é o que se pode chamar verdadeiramente de fotografia orgânica.

o comedor de tempo

o Corpus Clock apenas está certo de cinco em cinco minutos. mas já é o meu relógio preferido, porque representa o Tempo como ele é: a Morte.

afinal o cinema pode kick-ass


este pode ser, não apenas o futuro dos filmes de super-heróis, mas simplesmente o futuro dos filmes. kick-ass é um comic escrito por Mark Millar e desenhado por John Romita Jr., que ainda não acabou de ser publicado, mas cuja adaptação já começou a ser realizada por Matthew Vaughn. em traços muito largos, conta a história de um miúdo de liceu que, motivado pelas suas leituras, decide tornar-se um vigilante e, após vários incidentes, ganha simultaneamente enorme notoriedade e dois companheiros, bastante mais hardcore do que ele. torna-se conhecido porque alguém o filma com um telemóvel a defender uma pessoa e põe o vídeo no youtube; o próprio herói arranja uma conta no myspace, para que potenciais vítimas o possam contactar. a violência é insana. quem já leu o argumento do filme está, no mínimo, excitado e esta excitação está a propagar-se à velocidade da net. depois do dark knight, para a minha geração, vamos ter o filme que congrega todo um universo para o verdadeiro público-alvo do pós-cinema. porque já não se trata só de comics, é um sentimento geracional de genuína revolução, raiva e vontade de tomar as coisas em mão que aqui encontra uma válvula de escape (lembremo-nos por um breve momento que Millar é o autor de Wanted, a bd que serviu de base ao filme e que vai bastante mais longe, naturalmente). o próprio Millar parece estar vagamente aturdido pela forma como as coisas estão a evoluir e felizmente que tem estado a trabalhar de perto com Vaughn, no sentido de manter a coisa fresh and cool. veja-se o que diz a actriz de 11 anos que faz de hit girl. acredito que esta excitação tenha razão de ser e acredito que o cinema clássico já deu plenamente lugar ao cinema de animação. le roi est mort, vive le roi!

amor é...



essa é que é essa.

sapatos de salto alto do futuro


direitinhos da semana da moda londrina, ideais para caçadoras-recolectoras chiques.

a queda do império americano



nos Estados Unidos, a tendência natural é para ser tudo em grande, ou 8 ou 8 milhões - como o avanço feito ao autor de Cold Mountain pelo seu segundo livro, que acabou por vender menos de 500 000 livros, o que lá é uma desgraça - e a indústria do livro está em pleno espasmo, como se pode aferir da leitura deste artigo. nada que não soubéssemos já, mas é sempre interessante olhar para aqueles números (e para aqueles egos, para a importância de Oprah Winfrey, por exemplo), que neste momento soam já a coisa do passado. o livro é lento, mas quem manda agora quer que passe a ser rápido - é esta contradição ou impossibilidade intrínseca que vai matar o modelo actual de negócio, e, talvez, a qualidade média de muitas obras. afinal foi o que aconteceu com o cinema de hollywood, e vejam o resultado. a procura desesperada pelo blockbuster (o termo actualmente já se aplica também a livros...) poderá matar a galinha dos ovos de ouro. porque a questão de futuro não se põe, mais uma vez, a respeito dos contentores - e o futuro já está na internet, facto confirmado pelo crescente poder da amazon - , mas a nível do conteúdo.

"(...) pretty much every aspect of the business seems to be in turmoil. There’s the floundering of the few remaining semi-independent midsize publishers; the ouster of two powerful CEOs—one who inspired editors and one who at least let them be; the desperate race to evolve into e-book producers; the dire state of Borders, the only real competitor to Barnes & Noble; the feeling that outrageous money is being wasted on mediocre books; and Amazon .com, which many publishers look upon as a power-hungry monster bent on cornering the whole business.
(...) But can they survive inside a corporate, blockbuster-bound culture? “You can’t turn a camel into an alligator,” says longtime agent and former Grove editor Ira Silverberg. “I’d rather we have several soft years when investors get out and people who care about the values in the business reinvest.”
(...) You don’t have to look further than the pages of The New York Times Book Review or the shelves of Borders to see that the market for fiction is shrinking. Even formerly reliable schlock like TV-celebrity memoirs doesn’t do so well anymore. And “the next thing,” as Publishers Weekly editor Sara Nelson notes drily, “is not bloggers writing books.”

então é assim



diz-se que as mulheres ouvem mais o seu corpo do que os homens.
pudera.

mais uma razão para respeitar um livro


Printing a Book, Old School from Armin Vit on Vimeo.

...e, se ainda fossem feitos assim, para perceber como estaria absolutamente condenado.

o futuro já não é o que era


um post do Luis Filipe Silva levou-me a querer impingir-vos um excerto de uma coisa que eu tinha escrito para a Umbigo a propósito de um tema muito semelhante.

Aparentemente, o futuro não está na moda: já vimos o suficiente, soubemos o suficiente, previmos o suficiente, para ficarmos (suficientemente) decepcionados. Afinal, o nosso presente era suposto ser o futuro e revelou-se estar envenenado. A tecnologia confirmou-se como um meio e não um fim, simultaneamente mais e menos do que si própria, mas uma das facetas dos amanhãs afónicos que mais ajudou a escavar a fossa foi a ausência de Outros. Neste tempo todo, sempre estivemos esperançados que nos encontrassem, que afinal fôssemos uma espécie de filhos perdidos numa ilha experimental à volta de uma estrela de classe G2 e que portanto tudo tivesse desculpa. Mas não. Por enquanto, continuamos teimosamente sós. E à deriva, no presente, embrulhado num futuro com sabor a ficção anacrónica. Quererá isto dizer que a ficção-científica (f-c), como género literário, perdeu o seu sentido? O seu timing? O seu carisma? A sua posição no ranking de vendas da Amazon? Bem, pelo menos vêem-se menos livros à venda, os autores do género parecem menos mediatizados e sim, sente-se um gosto amargo a crise. De mentalidades, sobretudo. Porque nunca precisámos tanto de boas obras de f-c.

Quando as coisas estão más, não gostamos muito de ler para o futuro, imediato ou não; preferimos ler para o passado, real ou não. O futuro tende a desiludir e os bons livros raramente foram optimistas, pelo menos em termos de evolução estatística da Humanidade - os heróis solitários são outra(s) história(s). Será talvez por isso que o género da Fantasia tem tido um êxito sem precedentes: uma misturadora eficaz de elementos históricos (normalmente de raíz mítica ou medieval), românticos, de aventura pura (ver romances de capa e espada), e de magia (ou sobrenaturais, que possam alterar o fluxo da realidade), são os ingredientes adequados para um passado alternativo, para uma possibilidade de que as-coisas-poderiam-afinal-não-ser-bem-assim. Os sonâmbulos funcionais que nós somos adoram sonhar que poderiam ter sido personagens de sonho, com poderes superiores aos de um comando universal, com uma pitada de medo, transformação e maturação, como as histórias de embalar, que os conforte na esperança de que pode haver esperança até para eles, pelo menos num dos universos alternativos possíveis. Se um mau passado nos pode desculpar, um bom passado (mesmo que ficcional) pode ser uma porta para o Verão do… futuro (real). E se a f-c também alberga estes instrumentos da narrativa para criar leitores interessados, propondo Histórias alternas, passados modificados, visões utópicas, perspectivas mordazes e até finais esperançosos (além de um uso espantoso da linguagem e dos nomes), a sua postura é inerentemente contemporânea dos tempos em que é escrita, o seu presente um fundíbulo crítico para as molduras dos horizontes de eventos das suas histórias.

cão

aviso: vão desejar que o LHC crie rapidamente um buraco negro, depois disto.

para se manter actualizado (tem RSS feed)

Has the Large Hadron Collider destroyed the earth yet?

os amanhãs já cá cantam

e pronto, já está. a águia aterrou, a vitória foi difícil, mas é nossa. a "conspiração de Higgs" foi um sucesso.
mudámos de universo e ninguém deu por isso.
não aconteceu logo nas primeiras horas, claro, era muito óbvio, toda a gente estava a ver. foi, aliás, há cerca de 7 segundos atrás - uma eternidade, se considerarmos que tudo aconteceu num trilionésimo de segundo - durante uma pausa para acertar o relógio de cuco. por ordem, então: aparecimento súbito de um micro-buraco negro, desaparecimento da Suíça, leve estremecimento subconsciente do sobrolho de 147 mil bilionários duvidosos, inversão da polaridade da Terra, relato integral do programa ideológico dos partidos portugueses, desaparecimento da Terra, alteração da órbita da Lua um metro para a esquerda, desaparecimento do buraco negro, reaparecimento do buraco negro no Universo Estranho (Strange Universe), regurgitação do planeta Terra (infelizmente com a Suíça intacta), colocação no youtube de um vídeo a registar tudo, descoberta imediatamente abafada de que o bosão é o elemento basilar do universo e o ingrediente secreto da coca-cola, redescoberta, sucesso e esquecimento da música sacra medieval da Quirguízia, anúncio da eleição iminente do primeiro negro como presidente dos EUA, anúncio de que portugal será a primeira vítima do levantamento do nível do mar quando se derreter mais um metro cúbico da antárctida, discussão alargada sobre o filme Cegueira, início da segunda parte deste post.
dado que é necessário que alguma coisa mude, para que tudo fique na mesma, tenho ainda a anunciar, para os noobs, que, neste universo, toda a matéria é agora estranha (ainda mais estranha, portanto), que o novo paradigma económico se baseia no neuro (unidade psico-económica calculada em função do número de neurónios de uma unidade política, individual ou colectiva, de que a China e a Índia são os maiores beneficiários, e que serve para se trocar por bens essenciais - pão, água, ipods, sal, aço, medicamentos contra a disfunção eréctil, HBO, gás natural, clones da monica bellucci com 20 anos) e que o sistema político único é uma ditadura marxista inflexível. seguem-se alguns excertos da postura política dos nossos novos líderes máximos, para vossa educação. bebam cada palavra, imitem cada gesto. afinal, a vossa (nova) vida depende disso. welcome to the monkey house.





o mundo acaba hoje


olá, bom dia e adeus para sempre.
a conspiração resultou plenamente e estamos satisfeitos. com o mundo inteiro distraído com miudezas como os jogos olímpicos, as eleições ianques, as descargas na ribeira dos milagres ou as ameaças de mísseis russos, pudemos preparar discretamente o nosso dispositivozinho-de-fim-do-mundo, a que chamamos carinhosamente Grande Colisionador de Hadrões (LHC, em inglês). é muito simples: a pretexto de fazer umas experiências para o CERN sobre como era o ambiente geral logo no primeiro femtosegundo a seguir ao Big Bang, construindo para o efeito o maior acelerador de partículas jamais concebido (tem 27 mil metros, a maior máquina do mundo - ou o maior frigorífico, com mais de 10 000 toneladas de nitrogénio líquido para arrefecer os 9300 ímans) simplesmente para atirar uns protões contra os outros (a 99.99% da velocidade da luz, gerando um calorzito 100 000 vezes maior que o núcleo do Sol) e ver o que é que dá, iremos na realidade criar um mini-buraco negro que engolirá a Terra instantaneamente (ou, no caso hipotético disso falhar, criar strangelets, ou bocados de matéria estranha que transformam tudo o que tocam em mais matéria estranha! - talvez isso já tenha acontecido, pensando bem...). ahahahahahahahah! a vingança é nossa! a nós o vazio! vemo-nos do outro lado! se houver outro lado! ahahahahahahah.
o quê? não acreditam? ousam duvidar do nosso propósito arqui-divino?? atão façam o favor de clicar aqui para se inteirarem devidamente do tamanho da coisa. e se não ficaram convencidos e pensaram que tinha sido tudo feito em papelão só para vos enganar, então aqui estão 1500 páginas de instruções sobre como operar o LHC. é favor levarem-nos a sério, gaita. o dr. Otto Rössler, da universidade de tübingen, leva-nos. tal como muitas outras pessoas claramente iluminadas, pelos vistos. e por favor, por favor, não liguem a isto, ok? a coisa é certa. é hoje que isto acaba e é na suíça. acham que os suíços têm sentido de humor? tchau e obrigado pelo peixe todo.

o leite faz crescer

nestes tempos em que se diz mal de tudo, o leite precisava de um boost de marketing direccionado, a fim de maximizar o seu público-alvo alargado. que inclui certamente homens de negócios libidinosos e otakus em geral. assim, este admirável anúncio nipónico pretende subtilmente fornecer pistas para a resposta àquelas duas insidiosas e ancestrais questões que nos afligem a todos: afinal de onde vem o leite? e afinal que parte do corpo é que faz crescer?



o refrão? "gosto de leite, gosto de leite, gosto de leite!"
mmmh.

everybody knows you're a dog

william gibson é um fabuloso criador de personagens e de conceitos. em Idoru, colin laney tem uma espécie de poder especial: ele tria os rastos de informação deixados por pessoas-alvo no mundo digital e, através de um complexo processo de intuição nodal, tenta prever o que elas farão de seguida. basicamente, ele reconhece e analisa de forma quase subconsciente os padrões de informação (objectiva) que certa pessoa emite - quando compra qualquer coisa online, por exemplo -, delineando um comportamento potencial. a sua habilidade é única e exige muitas horas de concentração. isto era gibson a pensar em 1996. ele agora escreve mais sobre o que se passa à sua volta, 20 minutos no futuro, mais coisa menos coisa. the future has caught up with william gibson, dizia-se a propósito da sua mais recente oeuvre. no caso que me interessa agora, o futuro desmultiplicou o seu herói em milhões de twitterers, flickerers e facebookers de um modo bem menos interessante do ponto de vista literário, mas infinitamente mais rico duma perspectiva antropológica, pois os rastos deixaram de ser meramente objectivos para serem quase totalmente subjectivos. este artigo notável de clive thompson fala-nos justamente da nova "ambient awareness", a mera percepção no limite do nosso campo cognitivo activo do que se está a passar com "todos" os nossos "amigos", na soma de milhares de "instantâneos" em fluxo constante. naturalmente que se trata de um espelho de dois sentidos, e se podemos observar tudo o que acontece com os outros (o tudo que nos estão a revelar), eles também nos podem ver de volta - e é bom que sejamos sempre os primeiros a emitir informação sobre a nossa pessoa, sob o risco de os "outros" o fazerem por nós, por exemplo. uma vez online, para sempre online. e uma vez online, o offline muda inexoravelmente. dantes, se uma pessoa se aproximava de um grupo de amigos e lhes contava uma anedota nova (que tivesse alguma graça, vamos), era valorizado por isso, trazia algo para o grupo; agora, uma pessoa aproxima-se de um grupo que já está a comentar a anedota que circula por entre a sua intranet social e se a pessoa não a conhece/leu/recebeu o feed, sente-se de fora, à parte - é o grupo que lhe traz algo de novo a ela, que a integra no colectivo. isto faz-me lembrar os Borg, desculpem. mas é um admirável mundo novo, como refere a peça. é agora, finalmente, que a internet se torna na aldeia. é agora, finalmente, que o social networking funciona em pleno, pois permite uma vida social activa a quem nunca a teria de outra maneira. é agora que a internet se demarca mais claramente em termos etários: os mais novos a controlar-se regularmente, os mais velhos a controlá-los e a evitarem ser controlados. é agora que a internet se transforma num instrumento de pesquisa de marketing realmente eficaz, com a possibilidade de sondagens e análises mais pormenorizadas dos gostos e tendências dos mais novos, permitindo uma nova net paga. é agora que todos os medos sobre o big brother se diluem e se concentram paradoxalmente: toda a gente que nos "conhece" ("segue" é mais correcto, e uma expressão bem mais vagamente sinistra) é nosso irmão agora, vivemos uma vida vigiada e portanto comentada e/ou julgada - e somos nós próprios a dar essas informações voluntariamente, não é o máximo? é agora que todas as máscaras caem e que a internet se emancipa, vira adulta, após todos aqueles chats anónimos. é agora que descobrimos que mentimos, não só aos "conhecidos" (centenas, milhares) como aos nossos próprios amigos (dezenas, uns poucos, dois).
se todo o mundo é um palco, então toda a gente é actor e espectador. ninguém quer estar sob as luzes da ribalta o tempo todo (sobretudo quando esse tempo inclui o passado). a obsessão sobre saber-se sempre tudo sobre os outros e a auto-consciência temporizada (para benefício, mais uma vez, dos outros) leva à demanda pela solidão seleccionada (alguns, às vezes). mais uma vez, Silêncio e Sombra.

How to Avoid Huge Ships


o título de um livro pode ser paradoxal: tanto pode dizer tudo sobre ele, como deixar o potencial leitor perplexo pela sua ambiguidade; pode constituir um jeu de mots erudito e apenas acessível a membros de seitas linguísticas albanesas do mais alto nível, ou ser chocantemente cândido e pragmático - julgo que Population and Other Problems cabe nesta última categoria, sobretudo quando sabemos que é uma edição da China National Publications. apenas a extrema seriedade dos títulos pode ser uma fonte tão boa para a sua meta-apreciação irónica. a Bookseller criou há 30 anos um concurso notável, para "título de livro mais estranho do ano" (publicado em língua inglesa), o Diagram Prize, cuja lista completa pode ser consultada aqui. este ano resolveram celebrar o Diagram of Diagrams, uma votação pública do título mais bizarro de todos os 30 anos. o vencedor acabou por ser Greek Rural Postmen and Their Cancellation Numbers, embora eu tenha como preferidos, por exemplo, People Who Don't Know They're Dead: How They Attach Themselves to Unsuspecting Bystanders and What to Do About It, Versailles: The View From Sweden, Proceedings of the Second International Workshop on Nude Mice (o primeiro galardoado, em 1978) ou o título do título deste post. seria interessante adaptar esta estupenda iniciativa ao mercado português, dada a falta de sentido de humor que por lá grassa.

os lugares de michaël roulier

os lugares são simultaneamente exteriores e interiores - que é o que se pede a um bom captador de imagens, para que elas produzam o seu pleno efeito. o site de michaël roulier inclui um vídeo hipnotizante - e longo - denominado sub-memorycheck, cujos takes são sujeitos a uma montagem aleatória a cada visionamento, pelo que nunca vemos exactamente o mesmo filme e o podemos assim fruir... para sempre (eu, pessoalmente, estive os últimos 6 meses a vê-lo). entre muitas imagens memoráveis, retive especialmente os estertores moribundos dos fósforos. a degustar.

varmints


um novo filme de Marc Craste, o génio por trás de Jojo in the Stars? Varmints é a adaptação do livro infantil do mesmo nome, tem 24 minutos e por enquanto só lhe podemos espreitar o trailer. como acontecia com Jojo, a música é fundamental. mal posso esperar.

bunnies


os blogues monotemáticos tendem a ser um bocado, como é que hei-de dizer, pouco variados, mas como agora já há 1 trilião de sites, mesmo que cada um só falasse de uma coisa, eram mesmo muitas coisas para se falar. ainda bem que 500 biliões se concentram na paris hilton.
por outro lado, encontrei 1 que gosta de coelhos. de toda a espécie e feitio.

niba


gosto do modo como esta jovem artista italiana pensa.

o edifício evanescente


será um isco para terroristas?...