yep. pelo menos no mundo dos livros, estão. na prática, grassa o desespero. se por um lado, cada vez menos pessoas lêem livros (e dizem que steve jobs nunca se engana), mesmo as pessoas que costumam ler livros estão a trocá-los por outras plataformas de leitura (esta, por exemplo). as pessoas continuam a gostar de ler, o que estão é a deixar de ler livros. por outro lado, os livros que ainda se vendem estão cada vez mais a ser publicados pelos mesmos grandes grupos editoriais. e aí, o que acontece? os accionistas estão habituados a receber os seus dividendos todos os quatrimestres e a pressão é muita para se fazer dinheiro, já, já. grassa o desespero, portanto.
é por isso que, nestes tempos interessantes, se assistem a iniciativas inéditas, como sejam o departamento de literatura infantil da simon&schuster fazer um acordo com o gotham group, uma empresa de gestão, para conceber "projectos" editoriais com potencial para outros media (cinema, tv, comics) logo de início, ainda antes de serem escritos - ou seja, o livro passa a ser um mero parceiro dos outros contentores, na caça ao mercado mais global possível.
"In exchange for a percentage of the revenues, Simon & Schuster may agree to publish a book long before it is written, based on an assurance from the Gotham Group that it has Hollywood potential.Simon & Schuster will also receive money when its children’s books are turned into video games, comic books or other properties."
outra iniciativa curiosa e oh-tão-l'air du jour, parte da harpercollins e consiste numa comunidade social online para descobrir/estimular novos autores, críticos e editores, a authonomy. os membros são encorajados a criar perfis literariamente honestos e a comentar, criticar ou simplesmente revelar novos talentos em todas as áreas da edição. e os melhores, a editora publica, presumivel e eventualmente.
"The book world is kept alive by those who search out, digest and spread the word about the best new books – authonomy invites you to join our community, champion the best new writing and build a personal profile that really reflects your tastes, opinions and talent-spotting skills."
há duas coisas boas nisto: tratar um livro como contentor de conteúdo, passe a redundância, passível de ser transformado e divulgado de nóveis formas; e retirar à alçada exclusiva das editoras a mediatização de novos valores, fazendo-os simplesmente emergir à superfície da net.
há uma coisa má nisto: escrever um livro é um acto solitário, lento e doloroso e delicado, que precisa de silêncio e tempo. e tudo isto me soa a barulhento demais. mas isso sou eu.