o executivo koala e o capachinho voador



não encontro palavras para descrever a oeuvre de minoru kawasaki, um dos patronos do cinema de culto japonês (há outro?). vejamos o que ele diz. e agora só vejamos (clicando nas capas para os respectivos trailers).



eu acho que deve ser qualquer coisa na água, lá no japão.

matrioshka

este vídeo de tyson ibele poderia ilustrar o conceito de clímax num filme de terror no espaço.
na realidade, foi a sua contribuição para o desafio da cgsociety uplift universe, um sítio de coisas interessantes.

o meta-autor

ao desconstruir os mecanismos de promoção de livros na televisão (abaixo) e na net (aqui, por exemplo) com a cumplicidade dos (melhores) profissionais nas respectivas áreas, john hodgman consegue uma pirueta difícil de executar: a meta-ficção a usar a meta-comédia como processo de transformação do autor na mensagem. não perceberam? leiam o livro.

how


The Tale of How from Shy the Sun on Vimeo.

animação = futuro (acho que já o disse antes)

o futuro do livro é a nota de rodapé



pronto, já está. os livros estão safos. podem continuar a ser impressos em papel e a contribuir alegremente para a desflorestação da amazónia. e tudo por causa da net. mais concretamente, pelo exemplo que a net está a dar no que toca aos três géneros fundamentais da cultura da humanidade: a música, a ficção científica e os comics. claro. e como, perguntais vós? de que modo, inquiris? através de que fabuloso artifício ou artefacto, perquire a vossa mente irrequieta, agora insone de excitação antecipada? ora, a resposta está no título do post, gaita. a net vai constituir o complemento natural do livro através da sua capacidade ímpar de gerar e gerir notas de rodapé. pois é. para além dos inevitáveis e-livros, que já incluirão muitas notas, comentários, adendas, glossários, índices remissivos e possibilidade de ligação remota à web, a net por si só será o grande ponto na comédia imperfeita da vida - nos livros, enfim. que bela imagem. ou não. bom, estão a ver a coisa. mas se não a estiverem a ver, podem começar por ler este artigo providencial (num site dedicado sobretudo à f-c... por acaso) e, embalados por aquelas palavras proféticas, confirmar que a tal "coisa" está justamente mais avançada nos campos da mente humana onde se semeia mais, com sementes mais díspares e não-convencionais e onde elas dão mais fruto. tratam-se igualmente de áreas do conhecimento onde a maior parte das vezes convém saber por onde se anda, com o risco de afogamento lento do cerebelo nas areias movediças dos propósitos nefastos e imperscrutáveis dos respectivos autores - veja-se stockhausen, alan moore ou neal stephenson, por exemplo. mas estes campos experimentais são apenas arautos, indicadores do caminho a seguir. se a essência da nota de rodapé é, no fundo, ser infindável e exaustiva (nalguns casos almejando mesmo substituir-se completamente à obra que parasita), o seu caldo primordial por excelência é aqui mesmo, onde me lêem. esta solução é tão natural e óbvia que parece pateta afirmar que será por aqui que os livros prosperarão e se multiplicarão. mas não é. porque nada do que eu digo é pateta.
por enquanto.

traumas de infância





experimentem pôr os dois ao mesmo tempo.

(julgava que os chapi chapo eram a preto e branco.
porque eu vi-os a preto e branco.
às vezes, quando fecho os olhos à noite, ainda os vejo. a mexer. a música. eles. a mexer. e depois acordo a gritar)

pânico na aldeia

ah, a animação belga. a única verdadeira alternativa aos cromados da pixar.
esta série de génio acaba de ser transformada numa longa-metragem (filme com longas sequências passadas no metro), para gáudio das hostes que assim passam a olhar para os seus antigos bonecos de plástico (pequeninos) com outros olhos (são os mesmos, mas de outra maneira), nomeadamente os caubóis, os índios e os cavalos, figuras tradicionais belgas.



protector solar


à primeira vista não se percebe muito bem, mas estão sempre a passar-se coisas interessantes no Sol. a luz do Sol é um dos factores que mais contribui para que não o vejamos. o outro é ser de noite. assim, como não o conseguimos discernir como deve ser nem de dia nem de noite, pedimos a uns cientistas bondosos para nos arranjarem uns óculos escuros especiais para tirarmos umas fotos com o telemóvel. para principiante, até que não ficou mal. e quem é que ia adivinhar que havia festa da grossa práqueles lados? (resisti a dizer "escaldante"; pronto, não resisti) embora algumas imagens se pareçam com as de um furúnculo que uma vez tive em casa da minha tia-avó na Foz do Arelho. e outras pareçam um bocado um pudim de baunilha com bolor.
mas olhem, o Sol tem o volume de um milhão e trezentas mil Terras. e é a nossa principal fonte de energia (além do café). vi aqui.

doing it wrong

This might be a euphemism for something

I\m going to exterminate cherry!

mike litoris



little babies

normalmente, quando nos enviam imagens deste tipo (porque este tipo de imagens parece que existe para ser enviado), pensamos como o mundo é estranho e as pessoas que o habitam ainda mais (ignorantes), eventualmente partilhando e trocando comentários jocosos com outras pessoas que não têm mais nada que fazer, acrescentando que realmente a américa é um país estranho e as pessoas que a habitam ainda mais (ignorantes) - e isto tudo baseado na força de apenas uma imagem. pois bem, preparem-se para um overload de ultra-realismo. seguem-se centenas de imagens (e textos, e textos) do mundo que vos rodeia (a vós, mas sobretudo aos americanos, é verdade, a realidade acontece-lhes mais vezes, aparentemente), nesta sub-secção deste site fabuloso, onde os títulos completam genialmente as situações, num todo harmoniozo.

big numbers

ultimamente, temos visto alguns números mesmo grandes invadir o nosso quotidiano, pouco habituado a lidar com tantos zeros à direita. tratou-se mesmo de uma espécie de chuva de meteoritos abstractos, já que a coisa começou no espaço e se veio espalhar no meio da nossa doméstica noção de escala. de memória, primeiro foi o nada, o Grande Vazio: uma zona no espaço que contém absolutamente zero, nem matéria normal, nem anti-matéria, não há lá nicles, patavina, peva, nem com o google a gente se orienta naquele nenhures; e mede um bilião de anos-luz de um lado ao outro. grandito, portanto. depois, claro, foi a máquina do fim do mundo, o Grande Desatomizador Suíço, mais conhecido como LHC, que nos trouxe números impressionantes: o do femtossegundo, por exemplo, que corresponde a um milionésimo de um bilionésimo de segundo (tempo médio de uma cópula bem sucedida entre um bosão e uma antipartícula; tempo que demorou durão barroso a ponderar aceitar o emprego em bruxelas), mas também a velocidade a que atira os coitados dos protões uns contra os outros - 99.99% da velocidade da luz - gerando um calor 100 000 vezes superior ao do núcleo do sol, e a própria dimensão da coisa - com 27 quilómetros de diâmetro, é a maior máquina do mundo. da ciência, saltámos para aqui, para a net, onde ficámos a saber que já existe (pelo menos) 1 trilião de rivais deste blob, o que, convenhamos, torna a questão da concorrência algo mais metafísico (fazendo bem as contas, é mais do que um site por habitante da Terra). finalmente, a economia, a ciência dos números com que realmente fazemos contas, acabou por nos trair e lançar-nos sem cerimónia na arena do impressionismo abstracto: das notas de 100 biliões de dólares do Zimbabwe (com a sua inflaçãozinha de 2,2 milhões percentuais por ano e único país do mundo onde um computador pode custar 1,2 quadriliões de dólares zimbabwenses), passando pelos já mui comentados 700 biliões de dólares (americanos, estes) para tentar salvar uma situação criada por senhores que não deixaram de ganhar os seus 480 milhões de dólares nos últimos oito anos, apesar de deixarem afundar a sua empresa, até um dos números mais difíceis de imaginar de todos (e não estamos a falar de partículas subatómicas no universo): os mais de 10 triliões de dólares da dívida pública americana (ao ponto do "relógio da dívida" existente em Nova Iorque para a ir acompanhando ter ficado sem dígitos suficientes para acomodar o novo número). são números grandes. tanto, aliás, que se tornam em entidades abstractas, descorporalizadas, aparentemente distantes de nós. no fundo, parece que apenas desse modo eles podem sequer existir. mas a distância real a que eles estão deve equacionar-se com este número final, aquele que se torna menos abstracto cada dia que passa. e que nos vai tornando abstractos a nós. klaatu barada nikto.

faz café



o verdadeiro eu-telefone! o replicant dos telemóveis! o gadget supremo! assim também eu queria.
em alternativa, posso sempre ir viver para o canadá.

crisis? what crisis?


os rapazes gostam de clubes. sempre gostaram, sempre gostarão. os clubes definem-se pela sua exclusão, ou seja, por quem fica de fora. neste caso, sentimo-nos todos de fora. e nada como o humor dos ingleses (que têm os melhores clubes do mundo) para nos lembrar.
(obrigado, lfs)

teasers


isto sim, é anunciar um filme, propôr um desafio, despertar o interesse através de um convite enigmático, mas pleno de ambiente e de carácter. isto sim, é marketing bem feito. isto sim, os teasers, não os actuais trailers-que-contam-a-história-toda-incluindo-cenas-essenciais-ou-que-não-aparecem-sequer-no-filme. caramba.

odete


desculpas esfarrapadas, é o que é


a geração C e os produtos fãbricados

a internet é a nova torre de babel. é a nova tentativa de tocar os céus, sob uma linguagem unificada. desde que as pessoas se entendam, elas trabalharão juntas naturalmente. e o que começa online, continua offline. The internet sensibility is infecting the world of physical stuff. estes dois artigos, interligados, fornecem uma visão clara sobre o que está para acontecer, no verdadeiro mundo, basta ler para crer.
a geração C é definida, não pela sua idade mas pela sua actividade. tem a ver com comunidade, conectividade, criatividade, conteúdo, controlo, complexidade. Gen C make their own content. Gen C form strong communities, and care about communication. They want to be connected. Gen C take on broadcast media on their own terms: They get involved, and are happy to make their own celebrities. Gen C control their own lives; they’re happy with complexity and continuous partial attention. Gen C work and live creativity: they work in creative industries, don’t look down on making and crafting, and want to adapt mass market products in acts of co-creation. e os produtos para esta geração podem ser tratados como pessoas e terem os seus próprios seguidores, ainda ao nível da sua criação e desenvolvimento. estar envolvido desde o início, participar, beneficiar. esta é uma oportunidade incrível para os dois lados, consumidores e produtores, pois passam a falar a mesma língua - e a trabalhar juntos, consequentemente.
é o futuro, all over again.

ilustraidora


ela é latino-americana e dá pelo nome de Milk.

uma biblioteca particular


parece-me normal que Jay Walker, um empreendedor da net com alguma tendência para o coleccionismo, tenha sentimentos contraditórios quanto a partilhar a sua biblioteca com o mundo exterior. afinal, nem todas possuem um Sputnik verdadeiro, ou a mão original conhecida como Thing da série Família Addams, ou uma edição de 1665 com as primeiras ilustrações tornadas possíveis pelos microscópios, ou um globo lunar assinado pelos astronautas que passearam na lua, ou uma máquina de encriptação Enigma, entre muitos, muitos mais artefactos únicos. por outro lado, justamente por causa dela ter isso tudo, como resistir a ostentá-la? como dizia o outro, um verdadeiro nerdvana.

o hábito faz o super-herói


Michael Chabon escreveu um ensaio feliz sobre a natureza dos fatos dos super-heróis (de banda desenhada), defendendo que se tratam de objectos tão impossíveis como os seus ocupantes. eles seriam a sua pele secreta, expondo-se e expondo-os na sua transformação, na revelação da história que jaz escondida nos seus corações. no fundo, os fatos ou uniformes (e são tão variados que às vezes quase não existem) são indistinguíveis dos heróis, são o ecrã fantasmático onde se reflecte a sua personalidade, a sua verdade (e a nossa, como leitores) e são portanto irreproduzíveis. apesar dos esforços mais meritórios dos fãs de cosplay.
"Yet our costume conceals nothing, reveals everything: it is our secret skin, exposed and exposing us for all the world to see. Superheroism is a kind of transvestism; our superdrag serves at once to obscure the exterior self that no longer defines us while betraying, with half-unconscious panache, the truth of the story we carry in our hearts, the story of our transformation, of our story’s recommencement, of our rebirth into the world of adventure, of story itself."

a insustentável leveza do ser

Uff!

o jogo mais importante do mundo?

superstruct é o primeiro massively multiplayer forecasting game do mundo, pode ser jogado por toda a gente, começou ontem e é acerca do que podemos fazer para salvar o planeta, basicamente. a ideia é imaginar como se vive em 2019 e arranjar soluções para resolver as cinco principais super-ameaças à preservação da humanidade, trocando ideias com uma comunidade de jogadores mundial. serious fun.

posso mesmo fazer a capa como quero?


de acordo com o Chris, não há nada no interior do The Spectre # 29 que tenha remotamente a ver com a imagem da capa. mas que se lixe: pujança!

começar o pior possível


os prémios (ele há realmente prémios para tudo) Bulwer-Lytton premeiam (tal como o nome indica) as piores frases iniciais possíveis (tal como esta) para livros imaginários (embora isto não seja um livro, mesmo que imaginário), divididos por géneros (literários). desta feita, é o horror que é recompensado, a forma mais semiscarúnfia de se iniciar uma narrativa (felizmente sem continuação) a ser agraciada no pódio da imaginação delirante e doentia - ou meramente ultra-pirosa e divertida. seguem-se algumas das minhas pérolas preferidas da edição deste ano (mas vale a pena ler todas).
- ficção genérica:
Theirs was a New York love, a checkered taxi ride burning rubber, and like the city their passion was open 24/7, steam rising from their bodies like slick streets exhaling warm, moist, white breath through manhole covers stamped "Forged by DeLaney Bros., Piscataway, N.J."
- aventura (segundo prémio):
"Die, commie pigs!" grunted Sergeant "Rocky" Steele through his cigar stub as he machine-gunned the North Korean farm animals.
- prosa cor-de-rosa:
The mongrel dog began to lick her cheek voraciously with his sopping wet tongue, so wide and flat and soft, a miniature pink fleshy cape soaked through and oozing with liquid salivary gratitude; after all, she had rescued him from the clutches of Bernard, the curmudgeonly one-eyed dogcatcher, whose own tongue -- she remembered vividly the tongues of all her lovers -- was coarse and lethargic, like a slug in a sandpaper trenchcoat.
- ficção científica:
Timothy Hanson, Commander of the 43rd Space Regiment in the 52nd Battalion on board the USAOPAC (United Space Alliance Of Planets Attack Carrier) and second in command to Admiral L. R. Morris of the USAOP Space Command, awoke early for breakfast.

inútil será dizer que, depois disto, enterrei definitivamente as minhas aspirações literárias.

meta-autoria


acaba de ser lançada online uma publicação algo peculiar dedicada à poesia, chamada Issue 1. trata-se, aparentemente, de uma antologia de 3164 poetas. está sob a forma de um pdf com 3785 páginas.
o pormenor a notar é que os supostos autores não reconhecem o trabalho publicado como seu. quem consta da lista não escreveu o texto que lhe é atribuído na obra (ver comentários no respectivo site). mmh. por enquanto não se sabe ao certo se se trata de uma piada, de um erro ou de uma experiência (o mais provável). mas independentemente do que se venha a concluir, se alguma vez se vier (e há muitas pessoas chateadas), ela já é uma experiência e já deu origem a textos interessantes como este, cujo autor foi incluído (sem ter escrito nada) e que agora se sente tentado a acrescentar o "seu" poema ao CV.
"In short, Issue 1 makes sense to me as a conceptual art project precisely to the extent that it marks the utter banalization, routinization, and digitization of any sort of conceptualism and experimentalism in art, and of all supposedly “avant-garde” gestures."
por isso, já valeu a pena. como acto artístico, está feito e conseguido. outras considerações seguem dentro de momentos.