os meus contos da vida

acho que já se tornou relativamente óbvio que este blob se circunscreve tematicamente à dimensão do lúdico, minha versão. ou seja, trata do que me dá prazer ou desperta a minha curiosidade ou faz cócegas à minha perversão, ou... enfim, estão a ver a coisa. ora uma das coisas com que sempre tive uma relação ambígua de atracção é aquela mania de fazer listinhas dos top 10 (ou 1001...) dos filmes que mais se gosta ou dos livros, ou dos discos ou dos modelos de maçaneta de porta ou o que quer que seja que permita às pessoas fazer duas coisas simultaneamente: um exercício de selecção arquivadora necessariamente histórica (porque muda ou pode mudar consoante o momento em que é realizada) numa viagem à memória com grande gozo associado; e um exercício de vaidade (ou chamamento desesperado, um indicador para um débil auto-retrato), ao mostrar aos outros (às outras) o quão somos conhecedores/participantes dos prazeres da vida ao ponto de nos darmos ao luxo de até deles divulgar uma hierarquia, assim os controlando através do nosso gosto superior - esta projecção de índole social pode ser genuína (quando feita por pessoa de qualidade, com intuito pedagógico para as massas) ou apenas interesseira (impressionar as garinas, integrar-se numa tribo, arranjar emprego), representando naturalmente uma enorme vulnerabilidade, nem sempre percebida pelo próprio. em suma, atraindo-me estas listas (quanto mais temáticas melhor), sempre me pareceram foleiras e limitadas, pelo que o meu guilty pleasure (ou faute de gôut, conforme os dias da minha snobeira) se manteve relativamente privado. até hoje. mas à laia de auto-consolação perante a pulsão disseminadora, vou começar não por uma lista de livros (toda a gente faz, pff), mas de contos ou histórias curtas que me tenham marcado ao longo da provecta vidinha. sem ordem, sem data, sem justificação. e sem serem 10. apenas histórias de que lembro, hoje. por alguma razão.

as ruínas circulares, jorge luis borges, ficções
we, in some strange power's employ, move on a rigorous line, samuel r. delany, aye and gomorrah
neighbors, raymond carver, will you please be quiet, please?
l'école la nuit, julio cortázar, heures indues
the ones who walk away from omelas, ursula le guin, the wind's twelve quarters
kaleidoscope, ray bradbury, the illustrated man
johnny mnemonic, william gibson, burning chrome
of time and third avenue, alfred bester, virtual unrealities
the babysitter, robert coover, the granta book of the american short story
sredni vashtar, saki, the complete stories
casa ocupada, julio cortázar, bestiário
the soft weapon, larry niven, neutron star
there are more things, jorge luis borges, o livro de areia
o espelho e a máscara, jorge luis borges, o livro de areia
fidalgos, queques e betinhos, miguel esteves cardoso, os meus problemas
o almofadão de penas, horacio quiroga, contos de amor, loucura e morte
profissão, isaac asimov, nove amanhãs
night and the loves of joe dicostanzo, samuel r. delany, aye and gomorrah
tempo, miguel esteves cardoso, a causa das coisas
babelite ou segismondo o babélico, mário-henrique leiria, contos do gin-tonic

isto não fez mais que começar...
e os vossos?

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