às vezes odeio o inglês por funcionar tão bem.
uma jornalista do guardian faz experiências com management speak durante um dia e os resultados são simultaneamente previsíveis e poeticamente absurdos - ninguém entende completamente o que é dito, embora toda a gente concorde com o que se disse implicitamente. o não-dito incluído é efectivamente mais importante porque está aberto a todas as espécies de interpretação e portanto é a suprema forma de auto-defesa (a grande preocupação de quem é gestor). trata-se de uma meta-linguagem bélica - dado que também permite atacar - com um conteúdo informativo instável e tão concentrado (tal como um buraco negro) que
1. é impossível extrair o que quer que seja de inteligível num período de tempo aceitável
ou
2. basta expandir-se um pouco para abranger qualquer tópico ou situação previsíveis no seu raio de acção, engolindo tudo e todos.
faz lembrar a babel-17, curioso. o impacto poético pode ser desta ordem:
>"Going forward, I'll be putting all my ducks in a row - we don't have time for hand-holding because we need to run the whole thing up the flagpole with the client. Can you check in with me with some granularity on when you have diarised delivery?" lindo.
na outra mão, temos o nosso amigo warren ellis a ter uma (infelizmente breve) epifania em 2005 e a passar-se completamente ao tentar alterar o paradigma temático-linguístico da ficção-científica corrente canalizando as emoções em bruto de um pseudo-adolescente perturbado em nome da pureza da pulp-sci-fi.
agarrem-se bem.
>Jesus Christ’s liver tasted of gin and semen. I gobbed it out on to the floor and looked around the control room. Somewhere out back, the Pope was still screaming. If I hadn’t punched the teeth out of the piranha before I poured them up him, he might be dead by now. The only thing muffling his fucking noise was the mouthful of used condoms. The Virgin Mary came out of a side door with a shotgun.
e isto foi só o princípio.
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