guerra fria esperança contra aquecimento global



os dois países com mais seres humanos estão a levar a sua rivalidade mesmo muito longe. concretamente, para o espaço. aparentemente, a Índia, "chocada" com o facto de a China ter conseguido abater um dos seus próprios satélites o ano passado (imagem aqui mesmo ao lado; sim, essa) sentiu-se ultrapassada e está actualmente a acelerar o seu programa espacial de modo a poder competir na "corrida". isto pode ser tudo um pouco exagerado pelos media, mas no fundo não é nada que não esperássemos - afinal são as duas maiores economias emergentes do globo e são ambas boas com números. um showdown espacial seria lógico, claro. por outro lado, pode ser que esta seja a solução, afinal (e não a "solução final", ahah). as nações com biliões de razões para estarem nervosas com a falta de espaço terrestre podem muito bem ser as primeiras a arranjar mais espaço no, huh... espaço. ou seja, a voragem da rivalidade militar pode dar origem, indirectamente, a descobertas e avanços tecnológicos que nos permitam considerar mais seriamente o próximo passo evolutivo: colonizar outras esferas celestes (alforfilhar, cavar, dar de frosques, desandar, pildar, unhar, zarpar, garfiar, bazar, enfim, estão ver a coisa).

peixes

O céu estava ainda mais alto do que era costume, por causa do azul não ser interrompido por nenhuma nuvem. O riacho corria preguiçosamente, a água transparente a fazer os pequenos ruídos que só a água fresca faz quando encontra obstáculos. À beira da sombra do sobreiro, ele estava sentado sobre uma grande pedra branca a segurar a cana de pesca com as duas mãos. Um enorme chapéu de palha redondo escondia-lhe as feições, mas os pés nus eram pálidos e tortuosos.
Quando ela chegou, não se mexeu.
- Estás a agarrar a cana com força demais. Assim os peixes não vêm.
- Porquê?
- Porque a tua tensão passa para a cana e dela para a água, e os peixes notam e fogem.
Ele fez por ignorá-la, a ela e à sua máquina fotográfica. Era um modelo relativamente antigo, que ainda usava película, mas ela tinha dito que era muito boa.
Agachou-se ao lado dele e começou a apontar a máquina em várias direcções sem disparar.
- Assim, tu é que afugentas os peixes.
- Não gostas de fotografias?
Ele encolheu os ombros. Gostava, mas não lhe apetecia dizer.
Ela sentou-se a alguma distância e virou a objectiva para ele.
- Acreditas naquela treta de as fotografias roubarem a alma às pessoas?
- Não.
- Eu também não, mas acho piada à ideia. De que a fotografia tem poder. Que tirar uma fotografia não é algo insignificante, desprezável. Apesar de se tirarem milhões de fotos todos os dias.
Ele olhou para ela, mas estava com a máquina pousada na saia, a olhar para a água.
- Acredito que tirar uma fotografia é enganar o tempo.
A sua voz era pausada.
- Como assim?
- É impossível parar o tempo, certo? Mas quando se fotografa, é como se se estivesse a congelá-lo durante um instante infinitesimal, a roubar-lhe um momento que era dele e agora é nosso.
- Pois.
Sentia-se pegajoso com o calor. Não havia outro som senão o som deles.
Depois, ela levantou-se com mais energia do que seria de supor e voltou-lhe as costas.
- O tempo, para mim, é como o teu riacho, mas cheio, cheio de peixes. Fotografar é como estar a olhar para ele e pescar um peixe de vez em quando. O riacho não pára, mas já não é exactamente o mesmo depois. Com tantos peixes que leva, ninguém nota a diferença. Mas leva um a menos.
Ele continuou a segurar a cana com força. Tinha as mãos a suar e a sensação que, se afrouxasse a pressão por pouco que fosse, ela escorregaria e seria levada pela água transparente.

vlob: robot wars

no japão há uma competição denominada robo-one, que coloca em confronto pequenos robots bípedes de forma humanóide. o fabuloso concorrente vermelho é a incarnação em alumínio de um lutador de sumo com um estilo e um vigor notáveis.
no japão acontecem coisas com piada.
se calhar eu gostava de viver no japão. ou não.



hophophophophophophophophophophophophophophophop

eu já sabia há muito tempo


os sapatos de salto alto, para além de tonificarem as pernas e fortalecerem os músculos pélvicos, "solicitam directamente os músculos do prazer que estão ligados a um orgasmo", afirma entusiasticamente uma urologista italiana, docente da universidade de verona (tudo se explica). agora é científico! até o manolo blahnik suspirou de alívio."Until my mummy was 87 she was wearing high heels and she looked wonderful. She is my living example that heels are good for you. When you put on a high heel it makes life more exciting.", confirmou o célebre criador.
em relação a este assunto, apenas tenho uma coisa a acrescentar: marotas.

vlob: no, you kant

See more funny videos at CollegeHumor

o chefe de campanha de Immanuel Kant criticou a razão prática deste ataque político, que classificou como dogmático, além de racista e sexista.

uma sugestão: dan piraro

dan piraro é o criador de Bizarro, uma dose diária de humor surrealista e vegan, que costuma espalhar sub-repticiamente globos oculares, fatias de tarte, barras de dinamite e a expressão k2 em quase todos os seus cartoons.

vlob: WoWoW

o futuro dos jogos electrónicos desvendado: a nova sequela de world of warcraft, world of world of warcraft! man, jogar um jogador a jogar o jogo do world of warcraft! sem ser completamente imprevisível, é impressionante na mesma, o sonho de qualquer jogador: a imersão total. os gráficos, a jogabilidade, o enredo, a roupa, os post-its! e se 9 milhões jogam o WoW, quantos irão jogar o WoWoW? se querem mesmo a minha opinião: 9 milhões. claro, toda a gente se vai querer jogar a si própria a jogar o jogo, enfim, estão a ver. a onion news network tem uma reportagem hiper-detalhada sobre a coisa, onde se pode apreciar o dinamismo radical do MMORPG.


'Warcraft' Sequel Lets Gamers Play A Character Playing 'Warcraft'

awesome, dude!

(via boingboing)

imagens necessárias: Cartier-Bresson


Ilha de Siphnos, Cíclades, Grécia, 1961, por Henri Cartier-Bresson (1908-2004)

o salto

uma das questões que mais me interessa tem a ver com a forma como lidamos com o mundo através da internet. creio existir um efeito cumulativo no passar do tempo, um aspecto residual de ruído de fundo que vai imperceptivelmente aumentando, dado que acompanha necessariamente o crescimento demográfico humano. o mundo parece mais complexo hoje em dia, mas na verdade está tão-somente mais barulhento e mais coercivamente intrusivo, por razões económicas. assim, uma questão será saber se o advento da internet nos ajuda a compreendê-lo melhor, constituindo a ferramenta natural para receber toda essa heterogeneidade tumultuosa, ou se, pelo contrário, ela contribui para a percepção de uma realidade atomizada e impossível de apreender na sua completude, dada a voracidade com que é traduzida pelo que se chama informação. este interessante artigo (via efeitos secundários) põe a questão de como a nossa forma mais comum de utilizar a internet justamente como fonte de informação poderá estar de algum modo a conformar a maneira de organizarmos o nosso pensamento, partindo do pressuposto que o fazemos de uma forma demasiado diletante e ligeira, em prejuízo de uma leitura (literal) lenta e profunda que por sua vez igualaria uma forma de pensar igualmente profunda. ou seja, a procura desmedida pela eficácia nos resultados incorreria em tal Taylorismo que nos transformaria a nós em meras pseudo-máquinas pensantes inferiores aos modelos que produzimos. a dúvida e o medo são pertinentes, porque julgo que nada está a ser feito a nível pedagógico para acompanhar o percurso de aprendizagem dos alunos neste novo pluri-meio, que necessita de tanto rigor, apoio e avaliação como a busca arcana directa em manuscritos e a audição activa de discursos orais. além disso, existe o perigo de a maior parte da informação ser controlada, não tanto ao nível do conteúdo mas sobretudo ao nível da forma de acesso para o público em geral. ou seja, acredito que a informação válida continuará sempre a existir, mas terá a sua disponibilidade restrita a diversos níveis por um único centro decisor, o que convida a abusos.
existem aqui diversos pontos válidos para discussão, mas não entrarei em profundidade em qualquer deles por agora. interessa ponderar contudo o seguinte: a internet tem semelhanças com um infindável mercado público, onde tudo ou quase tudo estivesse em maior ou menos exposição e à venda (por mui variados géneros de preços), pelo que as regras mais elementares de conduta num mercado real também se aplicam aqui, tal como sejam a discrição, a prudência, o sentido crítico na avaliação das mercadorias e do discurso - berrado ou sussurrado - do vendedor, a atenção ao que é dito e como é dito, o cuidado com os recantos mais sombreados, as zonas de silêncio súbito, as multidões, enfurecidas ou não, até as disputas ou execuções públicas. ou seja, cada um vai ao mercado com uma intenção diferente e de lá traz coisas diferentes. é tudo uma questão de disciplina. se não compramos tudo o que há num hipermercado apesar de eles estarem desenhados para esse efeito, também não "compramos" tudo o que há na net. podemos de facto entrar por causa de lenços de papel e sair de lá com vinho, mas cada um tem de medir a sua actuação e responsabilizar-se pelas suas tentações. ao contrário do que possa parecer, a net tem a vocação para se tornar uma arena de responsabilidade, já que tem memória de tudo. temos, assim, de nos tornar filtros para nós mesmos. em vez de diluir a atenção e prejudicar o sentido crítico, a net pode e deve estimular a concentração e a análise exigente - são aliás as únicas ferramentas que nos podem orientar nos labirintos mercantis. ou seja, o medo de que a net prejudique a nossa capacidade de reflexão profunda e acabe por nos tirar tempo ao dar-nos coisas instantaneamente advém de uma visão limitada do que é a experiência online, uma visão, digamos, um pouco retrógrada, porque no fundo totalmente hipnotizada pelas novas possibilidades sem as conseguir digerir ou sistematizar. porque justamente a internet permite um comportamento em tudo semelhante ao do estudioso paciente e sistemático - não se deve confundir falta de força de vontade com o sucumbir perante o assalto de certos dispositivos de marketing que se esforçam por fazer parecer que estão a acontecer coisas demais demasiado rapidamente e que por conseguinte teremos de agir sem demora (e sem critério), comprando ou falando. o tempo é um factor a favor da net, não contra ela. a escolha do que se lê permanece, acrescida da nova sapiência sobre a redacção oral, ou seja, a mais recente maneira das pessoas dialogarem, utilizando os processos e muletas dessa forma de comunicação, mas simplesmente fazendo-o por escrito, o que dá origem a um sem-número de equívocos, já que apenas a presença física é suficientemente rica para comunicar em plenitude sem ambiguidades não desejadas (nunca é só a boca que fala). ou seja, os famosos comentários em blogues ou trocas de opiniões em fóruns são muitas vezes tão válidos como conversas de café, apressadas, incoerentes e obscurecidas pelo ruído de fundo - estimulantes, essenciais, amiúde iluminadoras, mas também tão vivas que precisam de som e de vida tão curta que o seu registo é, as mais das vezes, imediatamente esquecido. o que não acontece aqui, neste mundo que nunca esquece. a capacidade para esquecer pode ser equivalente em relevância à capacidade para lembrar. e na internet fala-se, não se escreve - pelo menos por enquanto. o que não quer dizer que não se possa e deva ler. por fim, é preciso relembrar que o mapa não é o território. a net é hoje o melhor dos mapas, mas ela não se substitui à experiência directa, ao contacto imediato com o concreto e com as suas misteriosas riquezas e murmúrios. citado no texto a que aludi, Sócrates lamenta que a escrita (e a leitura) diminuam a experiência do vivido oralmente e a sua consequente memória - ou seja, tornaria as pessoas mais preguiçosas e iludidas com o seu próprio conhecimento. cada salto tecnológico parece confirmar isto. e contudo, quando se salta aterra-se em território estranho e cada território é mais rico em possibilidades do que se podia antever quando flectimos os joelhos mentais. o truque, o busílis, está em nunca abandonarmos os passeios a pé mesmo quando dispomos de uma experiência de estimulação/simulação total ligada ao córtex cerebral que nos sirva de mapa - agora que podemos levar o mapa connosco, podemos talvez ter uma melhor percepção do que é, em si, uma percepção do mundo. a net dá-nos mais informação sobre o mundo mas nunca nos dará o mundo a que é necessariamente referente. quanto muito, dá-nos o mundo que ela própria constitui. a coisa está em como a lemos. porque, na verdade, não é apenas o que lemos que nos transforma, mas o modo como o fazemos. não interessa ler muito, se não vai ficar nada. parece melhor escolher apenas um caminho de início e percorrê-lo devagar. o salto acontece sem darmos muito por isso.

vlob: três perseverantes







dois deles vi ao vivo. o meu primeiro cd de sempre foi de um deles. ainda não ouvi tudo deles. e provavelmente nunca ouvirei.

j.g.



"Just because you're right, it doesn't mean you shouldn't be viewed with great suspicion."

vlob: mártires


a beleza intensa das meninas do cartaz mascara um dos filmes mais violentos dos últimos anos, ao ponto de ter sido classificado para maiores de 18 anos em França, uma decisão inédita no género e que irá condenar certamente o seu sucesso comercial - que não o de culto, que cresce a cada noite que passa (foi um dos filmes polémicos em Cannes este ano). os franceses (juntamente com os coreanos) são dos melhores no mundo a realizar filmes-choque - bonjour, Gaspar Noé - mas este promete especialmente. claro que não será para todos os gostos (ou mesmo para quase nenhum). se ousarem, cliquem no cartaz para um teaser. o mundo ainda não está preparado para um trailer.

bill

sabem aquela citação irritante que aparece sempre no gmail por cima das mensagens, com notícias ou "funny quotes of the day"? geralmente ignoro-as, porque é muito raro serem interessantes ou relevantes para mim, especialmente as de desporto. mas desta vez eles exageraram. escolheram aleatoriamente uma frase do Calvin e atribuíram-na a um tal Bill Waterson. indignado, desta vez cliquei.
>God put me on this earth to accomplish a certain number of things. Right now I am so far behind that I will never die.
>I find my life is a lot easier the lower I keep everyone's expectations.
>I know the world isn't fair, but why isn't it ever unfair in my favor?
>I liked things better when I didn't understand them.
>
I'm not dumb. I just have a command of thoroughly useless information.
>It's not denial. I'm just selective about the reality I accept.
>Mothers are the necessity of invention.
>
Reality continues to ruin my life.
>
Sometimes I think the surest sign that intelligent life exists elsewhere in the universe is that none of it has tried to contact us.
>
The purpose of writing is to inflate weak ideas, obscure pure reasoning, and inhibit clarity. With a little practice, writing can be an intimidating and impenetrable fog!
>There is not enough time to do all the nothing we want to do.
>
Sometimes when I'm talking, my words can't keep up with my thoughts. I wonder why we think faster than we speak. Probably so we can think twice.

achei a experiência útil. mesmo no mundo descarnado das citações por elas mesmas, a coisa funciona. claro que devíamos estar a ver o Calvin a falar, mas para isso existem os livros (e só os livros). isto é só uma amostra infinitesimal do génio dele e a mera evocação da sua figura através de algumas das suas pérolas de sabedoria basta-me para me pôr mais bem-disposto. e isso basta.

sozinho no ano 1000: que fazer?

sempre achei fascinante o tema das viagens no tempo e os problemas que daí derivam (começando na questão de serem ou não concebíveis). no site marginal revolution, um leitor pediu à comunidade conselhos úteis sobre como agir, caso fosse acidentalmente transportado para a Europa do séc. XI, vestido apenas com a sua roupa e conhecimentos. os comentários são muitos e variam naturalmente entre os mais pragmáticos, doutos e sérios e os alucinados e humorísticos. vale a pena dar uma olhadela e, porque não, acrescentar algumas sugestões.
merece alguma reflexão apercebermo-nos daquilo que realmente sabemos (ou nos lembramos, em dado momento) e do que isso vale, em termos de sobrevivência e co-existência com outros (mais ou menos "evoluídos"). (re)ler regularmente manuais práticos e enciclopédias parece uma boa dica, em geral. outra coisa interessante é que é uma questão teórica radicalmente diferente da que trata de sobrevivermos sozinhos numa ilha deserta com aquilo que sabemos, por exemplo - no caso presente, o facto de haver (muitas) outras pessoas pode ser... fatal.
excertos:
>"Learn the basics of making soap. Even if you can't convince anyone else about good sanitation, you can still wash your hands."
>"Didn't Bruce Campbell and Sam Raimi already answer this question in Army of Darkness? Just make sure you bring a shotgun, a chemistry textbook, and an Oldsmobile."
>"I'd try to go for one single important contribution -- invent the printing press and movable type, and from there, if you still have time after running your business (if you've survived that long at all), start writing and selling books with generic information that you have in your head, like as much modern mathematics as you know (that should be safe) and as much science and engineering knowledge as you can spew out without getting yourself killed."
>"[...] Medicine: I am thinking that the average person today has enough medical knowledge that they may know as much as the doctors in the year 1000. Basic stuff, keep the cut clean, how to set a broken bone, how to keep sick people isolated. Maybe have the people start identify plants as treatment for diseases; I know the bark of the willow tree has pain reliving ingredients in it."
>"1. Steal a horse.2. Head for Byzantium, Arabia, or China, as fast as said horse can carry you."
>"I think it's probably a lot harder than people expect. My best guess would be get killed by disease or irate peasants within 3 days."

(via boingboing)

mapa da humanidade


não sou grande fã de mapas (uma vez desdobrados, ficam desdobrados), mas este convenceu-me. produzido pela slave labor graphics, trata-se do verdadeiro mapa-múndi: o que conjuga, numa ordenação temática ético-histórica (de História e histórias), locais reais com sítios ficcionais - que no fundo representam metaforicamente os verdadeiros, pelo que se são inventados, são absolutamente verdade. delicioso, desassisado com pormenores e alusões cruzadas, este meta-mapa é o trabalho de génios (ou geeks) - e uma desculpa para se desligarem do mundo exterior (o real) durante uns bons quartos de hora.

nota - confirmando, no entanto, a minha discreta aversão a cartas geográficas e sobretudo o facto de que o mapa não é o território, os senhores mapistas, por excesso de zelo ou pura ignorância, colocaram Lisboa no continente/ilha da Razão. wishful thinking?

vendo o meu portátil, muito barato

este vídeo e a ultra-mobilidade dão-me vertigens. a I.V.A. (integração virtual ambulante) parece-me o caminho tão natural para a I.R.C. (integração real de comunidades), sobretudo nas regiões em vias de desenvolvimento, que deve haver algo vagamente errado com isto. será cinismo?
ah, e invistam no sector das mochilas - em breve tudo caberá dentro de uma. pequenina.


Moblinux
by archizero
(via efeitos secundários)

uma questão de linguagem

às vezes odeio o inglês por funcionar tão bem.
uma jornalista do guardian faz experiências com management speak durante um dia e os resultados são simultaneamente previsíveis e poeticamente absurdos - ninguém entende completamente o que é dito, embora toda a gente concorde com o que se disse implicitamente. o não-dito incluído é efectivamente mais importante porque está aberto a todas as espécies de interpretação e portanto é a suprema forma de auto-defesa (a grande preocupação de quem é gestor). trata-se de uma meta-linguagem bélica - dado que também permite atacar - com um conteúdo informativo instável e tão concentrado (tal como um buraco negro) que
1. é impossível extrair o que quer que seja de inteligível num período de tempo aceitável
ou
2. basta expandir-se um pouco para abranger qualquer tópico ou situação previsíveis no seu raio de acção, engolindo tudo e todos.
faz lembrar a babel-17, curioso. o impacto poético pode ser desta ordem:
>"Going forward, I'll be putting all my ducks in a row - we don't have time for hand-holding because we need to run the whole thing up the flagpole with the client. Can you check in with me with some granularity on when you have diarised delivery?" lindo.

na outra mão, temos o nosso amigo warren ellis a ter uma (infelizmente breve) epifania em 2005 e a passar-se completamente ao tentar alterar o paradigma temático-linguístico da ficção-científica corrente canalizando as emoções em bruto de um pseudo-adolescente perturbado em nome da pureza da pulp-sci-fi.
agarrem-se bem.
>Jesus Christ’s liver tasted of gin and semen. I gobbed it out on to the floor and looked around the control room. Somewhere out back, the Pope was still screaming. If I hadn’t punched the teeth out of the piranha before I poured them up him, he might be dead by now. The only thing muffling his fucking noise was the mouthful of used condoms. The Virgin Mary came out of a side door with a shotgun.
e isto foi só o princípio.

as boas notícias e a má notícia


as boas notícias são as notícias desta página do google news.
a má notícia é que esta não é a página do google news.
(via boingboing)

off-grid

um jornalista inglês resolveu passar um mês com três crianças (e a certa altura a mulher) numa cabana remota, sem água corrente nem electricidade. tudo em nome de uma tentativa de viver de acordo com uma nova filosofia de vida independente, "não-ligada" (aos sistemas centrais de abastecimento, ao consumismo, ao estilo de vida dependente). a expressão é off-grid. eis uns excertos da experiência (que correu bem).
>It's bloody freezing. Inside I light the fire. At the heart of the shack is a small but efficient multi-fuel stove. This will provide heat and a means to warm water and food. As well as the fire, I have a small propane cooker, and I go to fill a pan full of water and put it on to heat.
>(...)the shack is lit by candles and oil lamps.
>After eating, we get out a board game; the kids crowd round the table. Despite the icy cold outside, the shack is suddenly lusciously warm.
>Photovoltaic power is a mystery to me, but I'm amazed to see, within an hour of my connecting up the panel and tilting it towards the thin sunlight, the read-out on my charge controller telling me that my battery is charging.
>Washing-up is a long operation, without a dishwasher or a hot water tap. Gathering and sawing driftwood from the estuary for the fire is a constant task. As is boiling rainwater for drinking.
>Those pioneers of disconnection who live in vans are clearly connected to a grid of petrol stations. (...) this lifestyle is only possible because of the less tangible grids of internet and mobile phone.
>The children have adapted easily. They spend long hours hunched around the table drawing cartoons, or playing on the beach, or in the mud of the estuary.
>I may be getting very little paid work done, but the days are full of routine low-level tasks - clearing the gutters of debris so the water butts fill properly, sawing still more wood, tinkering with paraffin lamps.It's a temptingly stress-free life. And cheap, too.
>The truth is it's much easier to go off-grid when you know that the grid is still there to run back to.

vlob: hellboy II - the russian army

isto já é um trend - os trailers em russo têm muito mais piada. e mostram mais coisas que os ianques. confesso que não tenho grandes esperanças para este hellboy II: the golden army - adoro os comics originais e até traduzi um, hum - mas assim com estas vozes, não sei, dá mais pica. se calhar a partir de agora todos os trailers deviam ser dobrados em russo.

so long, and thankz for all the fish


nestes tempos interessantes em que vivemos (na acepção da antiga maldição chinesa), vale a pena virar a nossa atenção para os great outdoors e ficarmos um pouco mais cientes de que somos apenas uma partícula no espaço. por exemplo, fiquei a saber que se podem ter descoberto indícios que houve um tempo antes do Big Bang e que este universo pode ter sido gerado por outro. ou seja, que esta coisa de universos pode ser uma espécie de máquina auto-replicadora, o que simultaneamente confirmaria a teoria da "seta do tempo" (porque é que ele se mexe numa única direcção) e a ideia de que o tempo nunca terá termo. aqui podem ler as fascinantes descobertas dos cientistas e aqui as reflexões que elas sugerem ao warren, o eterno optimista.
uma outra noticiazinha é ligeiramente mais preocupante. parece que o campo magnético terrestre tem vindo a perder intensidade e que, para além de reverter a polaridade da Terra súbita e inexplicavelmente de tempos a tempos, deixando-nos indefesos no período em que se processa a reversão, ele é a nossa única protecção contra uma saraivada constante de partículas solares que, por aí à solta, nos incomodariam certamente mais do que apenas estragar os telemóveis. aparentemente, temos 500 anos até o campo desaparecer.
portanto, meninos e meninas, é aproveitar enquanto há. pode ser que venha a haver para sempre, mas já não será para nós (humanos). relativizemos as coisas, dado que somos uma média estatística. aprendamos com a aleatoriedade porque, se calhar, não há aleatoriedade.

resolva todas as crises ambientais antes da 16ª rodada

tentando aliar o lúdico ao desesperado, a Greenpeace lançou um jogo online para crianças a partir dos 8 anos, chamado Greenpeace WeAtheR - inspirado no clássico War, mas sem a parte da guerra -, onde os multi-jogadores (divididos em grupinhos de até 4 jogadores) se tornam ciberactivistas com missões por todo o mundo, para combater crises ambientais emergentes ou crónicas. o jogo foi criado e desenvolvido por empresas de comunicação brasileiras, pelo que pode ser jogado ao abrigo do acordo ortográfico. entre e salve o mundo!

moda! ! !


se olharmos para elas o tempo suficiente, elas também olham para nós.

QI: ainda há esperança para nós


estudos recentes indicam que a inteligência de tipo fluido (o outro tipo é cristalizado) pode aumentar quando se treina uma determinada espécie de memória. ao contrário do que se pensava até agora, que o nível de inteligência estaria mais ou menos fixado à nascença, o nosso cérebro pode ainda melhorar durante a vida - assim como as nossas perspectivas de emprego.
a inteligência fluida baseia-se na capacidade que temos de compreender relações entre diversos conceitos - independentemente de quaisquer conhecimentos ou competências anteriores -, para conseguir resolver problemas novos. a pesquisa efectuada mostra que esta inteligência pode de facto melhorar através de treinos específicos de memória.
não nos esqueçamos que a memória é o nosso nome para o mundo.

"Zombie caterpillars controlled by voodoo wasps"

um dos melhores títulos de sempre?
mas é tudo verdade. o NewScientist publicou um artigo sobre larvas de vespas parasitóides que infectam lagartas inocentes e as controlam de modo a protegê-las enquanto esperam tornar-se vespas adultas - altura em que as lagartas sucumbem. prático e delicioso, não é? faz lembrar um sistema político. ou certas relações.
se querem saber mesmo tudo, envolvendo coisas com expressões como casulos, hospedeiros e fluidos corporais - além de um vídeo! -, não hesitem! uma gota de ciência por dia faz bem à azia. acho.
(via warren ellis. sempre ele)

vlob: in the office


http://view.break.com/513310 - Watch more free videos
(via boingboing)

- Lá está o Esteves a passar-se outra vez.
- Acho que ele quer atenção. Carinho.
- Acho que ele partiu a cabeça ao Sousa.
- Parece que isto agora está na moda.
- O quê? As pessoas passarem-se?
- Sim, as minhas amigas todas estão-se a passar. Na sexta sou eu.

Особо опасен!



Timur Bekmambetov: este é o nome a fixar indelevelmente nas nossas mentes dormentes. ele é o ecstasy cinematográfico que precisávamos e não sabíamos. se James Cameron e John McTiernan tivessem tido um filho russo juntos (nunca se sabe), ele cresceria a idolatrar a sombra de Timur. para quem (ainda) não sabe, trata-se do criador da (literalmente) fantástica trilogia de ficção-científica Guardiões da Noite/Dia. e agora, de Wanted!
baseado vagamente num comic de Mark Millar, Wanted! conta a história de um zé-ninguém que é treinado pela Angelina Jolie para ser alguém, sob a supervisão do Morgan Freeman. assim também eu. falta dizer que eles fazem parte duma Fraternidade de assassinos e que o nosso herói se transmogrifica numa máquina de matar sem parar. mas na verdade o filme nem precisava de história. ajoelhem-se perante o Timur de Leste!

uma sugestão: bob carlos clarke


a primeira coisa que me atraiu no multi-facetado bob carlos clarke foram os fundos das suas fotos.
a segunda foram as mulheres de saltos altos vestidas de látex.
ou terá sido ao contrário?

sobre Marte

>Is putting humans on Mars important? Yes. Humans need land to live on, and, in a dynamic environment, they need land to move to. Closed systems are bad because they remove options. A single planet is a closed system. And the thing about land is, as a history teacher of mine used to say, they don’t make it anymore.
(...) Mars is the best local option for setting up a colony and, eventually, a second life for humanity. It’s a bit of a crap option: no magnetic field to speak of, cold as hell, and currently no guarantees of usable water. But Venus is a shithole, Mercury’s a suicide trip and the Jovian system is a radiation trap. Forget everything you heard about asteroid habitats, it’s bullshit. Right now, it’s Mars or an extrasolar planet, and an exoplanet is going to stay out of our reach, barring a dramatic breakthrough in propulsion engineering, for at least fifty years.


warren ellis é um vírus.

in a lonely place

vlob: D&D

num determinado momento da História, Salvador esteve a trabalhar com Walt. da sua colaboração germinou Destino, uma história de amor (naturalmente) surrealista.



penso, logo tu existes


ergo proxy parece ser um anime prometedor. tem um vírus chamado cogito.
>a história começa numa cidade futurista chamada Romdo, construída para a proteção dos cidadãos após o apocalipse ambiental global. Nesta utopia, humanos e andróides (chamados AUTOREIVs *autoraves* no anime) coexistem uns com os outros, num ambiente de total controle. Uma série de assassinatos cometidos por robôs descontrolados infectados por um vírus chamado Cogito começa a estragar a delicada ordem social. Por trás dos panos, o governo vem conduzindo experimentos secretos com uma misteriosa forma de vida humanóide chamada Proxy, a qual supostamente teria a chave para a sobrevivência da humanidade.

>ergo proxy é um anime de altíssimo nível, com uma temática ambiciosa e complexa apresentada de forma adulta sem ser exageradamente cerebral.



eu gostar.

garfield - garfield = jon

o que é que acontece a uma tira humorística quando se elimina a sua personagem principal? boa pergunta. mas quando se trata de um gato gordo e irritante, a resposta é óbvia: fica muito melhor. foi isso mesmo que aconteceu quando o irlandês Dan Walsh criou um site ausentando garfield do felino titular e destacando o seu dono, Jon Arbuckle - cujo comportamento face à sua própria neurose e solidão tornaram a nova tira num sucesso instantâneo. passou a não se passar grande coisa, mas o que se passa faz pensar. e até o autor original, Jim Davis, gostou.
a verdade é que, como acontece em muitas bd's clássicas, alguns sidekicks são mais interessantes que os protagonistas (lembrei-me de chick bill, por exemplo), havendo normalmente mais liberdade criativa para os explorar. a ideia é tão boa que se calhar deveria alastrar a mais algumas personagens - sugestões?

e-mail já não é o mail


o e-mail está a cair em desuso. pelo menos pelas camadas mais novas. o que é natural, vejamos: os adolescentes querem conversar, não se querem escrever cartas (sem ser de amor, e mesmo essas...) e o e-mail está mais próximo destas do que de um diálogo animado - isso é IM, Facebook e outras formas de comunicação quase instantânea e light. eu próprio já fui confrontado amiúde com essa diferença - para trocas rápidas e curtas de informação, o e-mail talvez já não seja o mais prático; é ainda o ideal, contudo, para comunicações extensas e estruturadas (a forma do e-mail ainda é algo... formal). e esta é uma diferença geracional, realmente - o multi-tasking de fogo rápido comunicativo tem muitas vezes pouco sumo, mas resolve e cumpre os seus objectivos de curtíssimo prazo com assinalável eficácia. a nova sintaxe está aliás em curso, em acordo mais que ortográfico, puramente gráfico e directo. perde-se discurso reflexivo, ganha-se dinamismo e pluri-referenciação geo-temporal. mas, convenhamos, ganha sempre o futuro.
artigo interessante sobre isto mesmo no slate.com.
"According to a 2005 Pew study, almost half of Web-using teenagers prefer to chat with friends via instant messaging rather than e-mail. Last year, comScore reported that teen e-mail use was down 8 percent, compared with a 6 percent increase in e-mailing for users of all ages."