désirée


Désirée Dolron é holandesa, foi à Índia e a Cuba e deve gostar de Vermeer.

azar

esta manceba chinesa está a segurar com óbvio orgulho um espelho com 2500 anos, cujo valor andará à volta dos 600.000 Euros, mais turquesa menos turquesa.
está há 16 anos na colecção de mais de 1000 espelhos do senhor Chen Fengjiu, um conhecido coleccionador lá da zona, que acha que ele "é o melhor de todos".
o espelho é do período dos Estados Combatentes da Antiga China e é feito de ouro e turquesa.
a cachopa está a segurá-lo no decorrer de um programa de televisão sobre investimentos em arte. o senhor Chen Fengjiu está a assistir à gravação, sentado na primeira fila.
e então...

a moça deixa-o cair.

e ele parte-se em mil bocados.
fim.

o tempo e o cinema

"Although the assembly of the shots is responsible for the structure of the film, it does not, as is generally assumed, create its rhythm; the distinct time running through the shots makes the rhythm of the picture, and the rhythm is determined not by the length of edited pieces, but by the pressure of the time that runs through them. The pieces that won’t edit, that can’t be properly joined, are those which record a radically different kind of time."
- Andrei Tarkovsky

lá está.

roubado a warrenellis

o suicídio da fotografia de massas?


pois é. depois do telemóvel que filma, chegou a vez da câmara fotográfica que faz filmes - a expressão "câmara" ainda ficou mais ambígua.
a última fronteira foi franqueada, o derradeiro bastião submetido, o inner sanctum violado. será o fim do mundo tal como o conhecemos? bem, para mim a questão é a seguinte: ao trazer para dentro da D90, uma câmara de topo, a capacidade de filmar em alta definição, não estará a Nikon a assinar a sentença de morte deste tipo de máquinas para as massas? é que o que a malta quer é tirar fotografias-como-lembrança-de-um-momento... no seu telemóvel, que é mais barato e mais prático e tem cada vez melhor resolução - podem-se enviar as imagens imediatamente para amigos ou arquivos. para fazer filminhos, a malta não precisa de uma Nikon D90 e sim de uma câmara de filmar miniatura, barata e prática. o conceito de fotografia popular per se está a mudar - por exemplo quando nos lembramos das molduras digitais, que permitem slideshows (ou, porque não, micro-filminhos?) -, pois as pessoas não estão interessadas na qualidade da imagem mas sim na qualidade do momento que ela ilustra - obviamente que mais realista, se a imagem for boa, mas não é esse o objectivo primário, isso vai-se tornando numa condição prévia. por isso, parece-me que será mais fácil as pessoas adquirirem engenhos de filmar pequenos e baratos (usando o telemóvel para as imagens fixas) do que usar uma SLR para fazer filmes (apesar de ser tão bonita...) - essas deviam ficar para os profissionais. ou seja, parece-me que a combinação fantástica câmara fotográfica/de filmar a este nível não vai resultar assim tanto, pois essas features querem-se em máquinas acessíveis. a fotografia-lembrança, quanto a mim, passou definitivamente para o campo dos dispositivos de comunicação móvel, o que se coaduna melhor com o seu espírito. a fotografia "a sério" permanecerá no reino das câmaras fotográficas - um reino diminuto, é certo, mas honrado. é que esta máquina acaba de mudar tudo, nada será o mesmo daqui para a frente. agora segue-se inevitavelmente a guerra das pilhas e da capacidade de memória e logo a seguir a da interconectividade entre plataformas, em termos de rapidez, facilidade e qualidade. ou seja, a guerra continua entre aparelhos e vamos todos acabar com um engenho do tamanho de um supositório que fotografa, filma, grava, edita, manda sem fios para o arquivo na net, classifica e ainda provavelmente dá uma opinião crítica sobre o trabalho. mas esses dispositivos usam os fotógrafos quando estão de férias ou com a família, não quando estão a trabalhar. e a ironia é que a Nikon nem sequer faz(ia) câmaras de filmar.

a última árvore


Junjie Lou fotografou a última árvore na água contaminada da China.

belgrado, 2074



a Sérvia está oficialmente no mapa.
do cinema de animação de ficção científica, pelo menos. Technotise: Edit e Eu é a primeira longa-metragem do género vinda daqueles lados e conta a história de Edit, uma estudante de psicologia a quem começam a acontecer coisas bizarras quando faz um implante no cérebro. pois. estava-se mesmo a ver, certo? o filme combina quatro tipos diferentes de estilos de animação, faz-me lembrar algumas ilustrações de f-c dos anos oitenta que eu muito apreciava e ajuda a confirmar que o futuro jaz a Leste. bring it on!

cidade de pedro


hoje cruzei-me na rua com uma jovem loira de óculos escuros, saltos altos e uma t-shirt preta com as palavras "saint petersburg" a vermelho.

as ruas da cidade, aqui no século xix, induzem agorafobia.

manceba em estado não-viável


melhor cartaz de filme de terror/thriller sobre adolescentes que descobrem numa sala recôndita de um asilo abandonado uma jovem nua acorrentada a uma cama com a qual decidem praticar actos abomináveis que consequentemente lhes acarretam consequências funestas mas de grande gáudio para as hostes mirantes que eu vi este ano.

buraco negro


primeiro exercício: fixem o ponto preto no centro da imagem durante cerca de um minuto e as coisas coloridas à sua volta desaparecerão.

segundo exercício: fixem este blob durante exactamente quarenta e dois minutos e as coisas coloridas à vossa volta desaparecerão. todas. para sempre.

imagem via ubercalifragilisticxpialidocious

knojo


já se sabia que ler dá bastante jeito (é, tipo, como uma casa). podem-se ler as legendas dum filme estrangeiro legendado em português, dá para ver a data de validade dum preservativo, serve para se empurrar uma porta em vez de puxar (embora às vezes tanto faça), podem ler-se os direitos a um mau, ajuda a perceber o enredo do Tio Patinhas, poupa ter que comprar um jornal desportivo (lê-se as parangonas, pois claro), é bom quando se recebe um recado escrito, ajuda quando se vai de viagem nas placas indicativas ("outras direcções" dá sempre jeito), evitam-se complicações nos acordos prenupciais, enfim, é um ror de utilidades e maravilhas. agora descobriram que até é igual (ou melhor) a ver uma cena que mete nojo na televisão (ou no cinema, ou na interneta). explicando: os cientistas dos países baixos fizeram umas experiências que mostram que mostrar umas cenas nojentas - tipo provar uma coisa que sabe mal - e ler e imaginar outras cenas nojentas - tipo ir de encontro a um bêbado que nos vomita na boca - provoca o mesmo tipo de actividade no cérebro, e logo na insula anterior. hã? ess'agora. afinal ler tem muito que se lhe diga, não é só aquela cena ultra-arcana que se usava para torturar criancinhas na escola. plos vistos, ainda dá jeito. é pena é ser só para cenas nojentas e não daquelas-que-a-gente-sabe, porque tenho a casa repleta de livros e a televisão avariada. mas tenho fé na ciência. e no cérebro.

PT

PT quer dizer tanta coisa...

>In a nutshell, a PT merely arranges his or her paperwork in such a way that all governments consider him a tourist. A person who is just "Passing Through". The advantage is that being thought of by government officials as a person who is merely "Parked Temporarily", a PT is not subjected to taxes, military service, lawsuits, or persecution for partaking in innocent but forbidden pursuits or pleasures. Unlike most citizens or subjects, the PT will not be persecuted for his beliefs or lack of them. PT stands for many things: a PT can be a "Prior Taxpayer", "Permanent Tourist", "Practically Transparent", "Privacy Trained", "Party Thrower", "Priority Thinker", "Positive Thinker", "Prepared Totally", "Paranoid Together" or "Permanent Traveler" if he or she wants to be. The individual who is a PT can stay in one place most of the time. Or all of the time. PT is a concept, a way of life, a way of perceiving the universe and your place in it. One can be a full-time PT or a part-time PT. Some may not want to break out all at once, or become a PT at all. They just want to be aware of the possibilities, and be prepared to modify their lifestyle in the event of a crisis. Knowledge will make you sort of a PT. A "Possibility Thinker" who is "Prepared Thoroughly" for the future.

o tubarão goblin é o tubarão mais sinistro do mundo

acreditem.



eu sempre gostei de tubarões e tive mesmo uma pequena fase de obsessão na adolescência (não só por tubarões, felizmente), adquirindo livros e visionando documentários tão exaustivos como aborrecidos. fartei-me de desenhar esqualos e até fixei o nome de Carcharodon Carcharias como um dos meus vilões preferidos. ainda hoje gosto dos bichos.

mas agora um bocadinho menos.
agora acho que vou passar a ter pesadelos com tubaroas a serem violadas por Aliens e a abandonarem os filhos ao largo do japão.

o dia seguinte

There will come soft rains and the smell of the ground,
And swallows circling with their shimmering sound;
And frogs in the pool singing at night,
And wild plum trees in tremulous white;
Robins will wear their feathery fire,
Whistling their whims on a low fence-wire;
And not one will know of the war, not one
Will care at last when it is done.
Not one would mind, neither bird nor tree,
If mankind perished utterly;
And Spring herself when she woke at dawn
Would scarcely know that we were gone.

Sara Teasdale (1920)



o filme, soviético, é baseado num conto de Ray Bradbury, There Will Come Soft Rains. os russos parece que têm um jeito especial para a tristeza. e é verdade que ninguém terá saudades de nós. mesmo que houvesse alguém para ter.

back in the USSR


a Rússia é um país fascinante, quanto mais não seja pelo facto de estar em vias de provocar uma nova guerra mundial (ou com ganas disso) e ser assaz ampla, com as suas 49 línguas regionais e mais de 100 etnias. valha-nos a literatura, o teatro, a música e o cinema. e a olga. mas antes deste presente, cinzento-petróleo e deprimente, os amanhãs iam cantar, coloridos e reprimidos. e para provar que nem sempre regimes comunistas totalitários e arte fixe são mutuamente exclusivos, eis mais ou menos à volta de 1469 reproduções de cartazes soviéticos e/ou russos do período entre 1917 e 1991. sujet clos, camaradas.

made in china

a China é um sítio fascinante, quanto mais não seja pelo facto de estar em vias de se tornar o país de referência do mundo, com as suas 206 diferentes línguas regionais e a filosofia de gestão mais pragmática do planeta. ainda bem que existe uma considerável comunidade chinesa cá no quintal, para irmos aprendendo com eles e nos miscigenarmos o mais depressa possível (o que parece complicado, ainda por cima), antes de desaparecermos completamente como populus. penso mesmo que já tudo em portugal é feito na China, incluindo andróides políticos e o pastel de nata. e por falar em andróides, este simpático artigozinho fala-nos de cinco grandes sino-tendências que poderão vir aí e afectar-nos em maior ou menor medida - é que tudo o que se passar na China vai passar a contar cá, ainda mais do que agora. I think I'm turning Chinese.

marretas reloaded

marretas rule.







efeitos especiais

contrariamente ao que se possa deduzir do que passa por cinema nos dias que correm, já havia efeitos especiais antes de haver computadores (até havia filmes de aventuras e acção e tudo). e quem mandava era um senhor chamado Ray Harryhausen. behold and be amazed.

vladimiro


cada vez acho mais que saber desenhar é a segunda coisa mais difícil do mundo (sendo a primeira saber escrever e fazer amor como deve ser). o vlad desenha bem como água e o blogue do vlad vale muito a pena, é só pena aparecer um bocadinho do vlad.

uma esfera de Dyson é um bocado maior que a estrela da morte


o meu espírito conturbado tem-se vindo a debater com pelo menos três Grandes Perguntas ao longo das eras, que aqui verto humildemente para vossa contemplação e sofrimento: o universo serve para quê, além de nos chatear com questões de escala? como é que santana lopes pôde alguma vez chegar a primeiro-ministro? e será que um super star destroyer é maior do que a babylon 5?
se as duas primeiras constituem de facto mistérios insondáveis, a terceira acaba de ser miraculosamente respondida pelo senhor Jeff Russell, no seu mui maravilhoso e utilíssimo site! foi para coisas destas que fizeram a Internet. de certeza. só pode. com uma atenção ao pormenor que classificaríamos de demente (no bom sentido), podemos assombrar-nos com quadros exaustivos - e muitas vezes especulativos - de comparação dimensional num rácio de metro-para-píxel que se adapta a qualquer plataforma, da quase totalidade de naves e estações espaciais das principais séries, filmes e livros de ficção científica, incluindo ainda artefactos reais (como aviões, vaivéns e submarinos, entre outros), bichos e personagens - sim, o monstro de Cloverfield é bué maior que o Godzilla. ah, e o destroyer também faz sombra à estação espacial. bliss.

para um quadro com um pequenino best-of, cliquem aqui.

saturno


If everyone is thinking alike, then somebody isn't thinking.
- George S. Patton

os carros deviam ser todos conceptuais

embora eu seja culpado de adorar a forma de alguns automóveis (como este, este ou este, para tão-somente citar alguns e não fazer demasiado alarde do meu lendário bom gosto), em última análise acho que eles servem para deslocarem pessoas e (poucas) mercadorias do ponto a até ao ponto b (ou paris, por exemplo), ponto final. nada de complicações, gastos desnecessários, poluição e sobretudo acidentes estúpidos. por isso, todos os carros deveriam ser, idealmente, umas grandes bolas fofas (está bem, coloridas) que rolassem suavemente mais ou menos à mesma velocidade (até 100 à hora, que é giro de dizer), que mesmo que batessem nunca magoassem ninguém e que andassem à base de, sei lá, algas, por exemplo. sim, carros podem rimar com futuro.
ora a genialidade intrínseca destas noções visionárias foi revelada agora (finalmente) pelo seu aproveitamento integral por estudantes do royal college of art na sua visão de dez viaturas eco-estéticas. bom, na verdade só mesmo a parte das algas é que ficou (nada de bolas).
gosto especialmente da proposta do espanhol Arturo Peralta Nogueras, já que nenhuma da tecnologia proposta para o carro existe ainda.
quando vier a existir, se calhar pode pagar-se em algas.

via wired

Alan Moore fala

... sobre o seu super-herói preferido.
que pronúncia!
que linguagem corporal!
que... barba!



e eu que andava há que tempos à procura de uma desculpa para pôr aqui a foto dele. já ganhei o dia.